Meu primeiro contato com a leitura se deu ainda quando eu tinha 2 anos e morava no interior do Ceará, influenciada por minha mãe que costumava comprar revistas de diversos gêneros e recortava figuras e palavras, colando-as nas paredes do quarto. Neste quarto passava boa parte do dia sendo estimulada a procurar as letras e palavras que ela ensinava. Era incrível como eu reconhecia todas estas figuras e palavras ainda tão pequena. A partir de então, fui mergulhando neste maravilhoso mundo da leitura e passei a ganhar os meus primeiros livros. Meu contato com a leitura foi evoluindo progressivamente e a cada dia tinha mais sede e curiosidade pelos livros. O processo de alfabetização infelizmente foi baseado no método tradicional utilizando as famílias de palavras através do personagem Tio Juquinha. Como eu adorava este personagem e suas músicas utilizando as famílias do ABC! Lembro que levava horas do dia a repetir a música que iniciava com a família do B e se estendia até a família do Z. Nós não tínhamos muita diversidade quanto a gêneros textuais. Era a época do ditado de palavras. Mesmo com todo este processo, fui feliz neste momento de alfabetização. Uma vez, lembro que quando tinha 10 anos, precisei realizar um trabalho de Ficha de Leitura tão exigido durante meu período escolar sobre o livro “No país das formigas” do qual não me recordo o autor. Minha empolgação por este livro era tão grande que apresentei um excelente trabalho sobre o mesmo e acabei recebendo como prêmio um outro livro chamado “Confissões de um Vira-Lata”. Isto foi apenas o pontapé inicial para minha formação como leitor. Conheci então, livros durante a adolescência que me fascinaram como Poliana e Poliana Moça de Eleonor H. Porter e o tão conhecido Pequeno Príncipe. Este três livros me fizeram sentir como é importante a contribuição da leitura para o aprendizado de nossa vida pessoal onde necessitamos cada vez mais de solidariedade, amor, confiança e otimismo para enfrentarmos os desafios que nos são impostos. E assim, minha lista de livros foi se expandindo, tanto no que diz respeito às leituras que eram obrigatórias no período escolar, como minha lista pessoal que realmente me cativava. É nesta leitura pessoal e livre de obrigações que consigo descobrir o mundo através das palavras. Posso citar alguns livros como “O Diário de Anne Frank, O Menino do Dedo Verde e Meu Pé de Laranja Lima. Na graduação, a leitura passou a ter um significado bem diferente. Neste período, lia muitos livros relacionados à Educação e Psicologia. Como este momento foi importante para minha vida e meu desempenho como mãe e educadora! Livros como “Quem ama, Educa!, Ensinar, Aprendendo, Indisciplina: Limite na Medida Certa e como não podia deixar de citar aqui o livro Pedagogia da Autonomia de nosso grande mestre Paulo Freire deixaram ensinamentos significativos em minha personalidade. Hoje, minha sede de ler ainda é enorme. Porém, muitas vezes, me vejo envolvida com leituras acadêmicas. Não posso deixar de ressaltar a importância destas, mas meu prazer pela leitura não se esgota aqui. Sempre gostei de ler. O livro se tornou parte inerente ao meu corpo porque aonde vou, me vejo sempre segurando um livro. Para finalizar, tento repassar todo este meu envolvimento com os livros para meus filhos. Atualmente, várias vezes, me surpreendo lendo livros jurídicos como “O Código da Vida, Memórias de um Juiz Federal, Cartas a um Jovem Advogado e A Defesa tem a Palavra” por causa de meu filho mais velho. Também, não poderia deixar de relacionar livros infanto-juvenis como “A Bússola de Ouro, A Faca Sutil e a Coleção Desventuras em Série” que fazem parte do mundo de leitura de meu filho mais novo. Agradeço por ter tido tantas oportunidades de leitura durante minha vida o que me fez concluir que para se internalizar o prazer pela leitura, não significa apenas decodificar as palavras. É preciso ler com afetividade e amor para que possamos transmitir estes sentimentos às nossas crianças.
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